Fecho os olhos e viajo. Uma onda de nostalgia me leva para longe.
Árvores, flores, plantas, cheiro de terra molhada.
O sino tocando na igreja, a sirene da escola chamando a criançada, a rua deserta e o vermelho vivo da primavera cobrindo o portão.
O pé de pêra ainda está lá, magrinho, fininho, peladinho.
No vazio dos galhos, vejo meu pai amarrando algumas peras para nos enganar.
O abacateiro ainda está em pé, com seus galhos feito degraus para que eu possa chegar ao topo dele e ficar balançando pra lá e pra cá, conforme o desejo do vento.
Fechando os olhos, sinto o ar frio da manhã de inverno, o orvalho na grama e meus pés descalços subindo no pé de seringuela.
Cheiro doce de goiaba madura, da goiabeira em flor. Cheiro doce de doce em calda cozinhando no fogão.
A pitangueira é minúscula, mas dá frutos. “Feche os olhos! Bicho de fruta, fruta é!”
Fujo de todos e sentada à sombra de uma laranjeira, saboreio um cigarro fumado escondido e acima de mim, o céu azul, sem nuvens.
Os sons que vem da praça chegam aos meus ouvidos: um radinho a pilha tocando uma música brega, a buzina do sorveteiro, um bêbado tropeçando nas palavras, os gritinhos de duas meninas trocando segredos, o latido de um cão... Esses são os sons que me acompanham na hora em que quero estar só, nos momentos em que consigo e posso estar comigo mesma.
Que bênção esse cantinho escondido sob a laranjeira do quintal!
Os sons que vem da praça chegam aos meus ouvidos: um radinho a pilha tocando uma música brega, a buzina do sorveteiro, um bêbado tropeçando nas palavras, os gritinhos de duas meninas trocando segredos, o latido de um cão... Esses são os sons que me acompanham na hora em que quero estar só, nos momentos em que consigo e posso estar comigo mesma.
Que bênção esse cantinho escondido sob a laranjeira do quintal!
Corro em volta da casa com os braços abertos para sentir que estou voando. O medo se acaba quando estou voando.
No meu caminho, o abacateiro, o pé de pêra, a pitangueira, o pé de seringuela, o pé de ameixa, a laranjeira, o limoeiro, o pé de romã, o pé de figo e de mamão.
A liberdade, a inocência, a magia, a rebeldia, a diversão, a imaginação, a solidão, a bondade, a amizade. Palavras sussurradas nos ouvidos de uma menina que faz de conta que voa.
A ausência é o que me faz sentir saudades, não o passado.
(Júlia Bellini)
É! mana, tambem tenho muita saudade. Acho que "Saudade é o amor que fica". Também me sinto parte disso tudo.
ResponderExcluirSabe que tb lembrei desse tempo, mais ou menos na hora que vc postou o artigo, estava no yotutube e entrei no clipe da Carole King - So Far Away (http://youtu.be/skRseoeCkJ4). Não pude me conter.
Bjundas