quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O que é, o que é?


É um brilho nos olhos ou um sorriso que escapa de repente.
É um suspiro no meio do nada ou uma batida mais forte do coração.
É um susto agradável e um leve tremor nas mãos.

É uma sensação de frio na barriga e de pernas bambas.
É um nome, um cheiro ou um gosto.
É o olhar no relógio mil vezes sem que o ponteiro se mova.
É ouvir a mesma música de novo, e de novo sem parar.
É se sobressaltar com o toque do celular.
É ensaiar o que dizer e não conseguir dizer coisa alguma que ensaiou.
É ruborizar na lembrança do beijo.

É precisar dizer o nome em toda conversa.
É uma aura de sedução envolvendo o corpo.
É uma calma que invade o coração.
É a angústia da espera ou o terror da ausência.
É uma fome voraz da presença, da voz, do toque.

É querer ser um, sabendo dividir.
É sonhar acordada com o real.
É preencher o vazio e conquistar espaço.
É ficar com cara de quem viu passarinho verde!
É estar apaixonada!!!!
(Da tia coruja, para a linda Raíssa)
(Júlia Bellini)

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Pomar

Fecho os olhos e viajo. Uma onda de nostalgia me leva para longe.
Árvores, flores, plantas, cheiro de terra molhada.
O sino tocando na igreja, a sirene da escola chamando a criançada, a rua deserta e o vermelho vivo da primavera cobrindo o portão.
O pé de pêra ainda está lá, magrinho, fininho, peladinho.
No vazio dos galhos, vejo meu pai amarrando algumas peras para nos enganar.
O abacateiro ainda está em pé, com seus galhos feito degraus para que eu possa chegar ao topo dele e ficar balançando pra lá e pra cá, conforme o desejo do vento.
Fechando os olhos, sinto o ar frio da manhã de inverno, o orvalho na grama e meus pés descalços subindo no pé de seringuela.
Cheiro doce de goiaba madura, da goiabeira em flor. Cheiro doce de doce em calda cozinhando no fogão. 
A pitangueira é minúscula, mas dá frutos. “Feche os olhos! Bicho de fruta, fruta é!”
Fujo de todos e sentada à sombra de uma laranjeira, saboreio um cigarro fumado escondido e acima de mim, o céu azul, sem nuvens. 
Os sons que vem da praça chegam aos meus ouvidos: um radinho a pilha tocando uma música brega, a buzina do sorveteiro, um bêbado tropeçando nas palavras, os gritinhos de duas meninas trocando segredos, o latido de um cão... Esses são os sons que me acompanham na hora em que quero estar só, nos momentos em que consigo e posso estar comigo mesma. 
Que bênção esse cantinho escondido sob a laranjeira do quintal!
Corro em volta da casa com os braços abertos para sentir que estou voando. O medo se acaba quando estou voando.
No meu caminho, o abacateiro, o pé de pêra, a pitangueira, o pé de seringuela, o pé de ameixa, a laranjeira, o limoeiro, o pé de romã, o pé de figo e de mamão.
A liberdade, a inocência, a magia, a rebeldia, a diversão, a imaginação, a solidão, a bondade, a amizade. Palavras sussurradas nos ouvidos de uma menina que faz de conta que voa.
A ausência é o que me faz sentir saudades, não o passado.
(Júlia Bellini)


sábado, 27 de agosto de 2011

Voto Distrital



Você se lembra em quem votou nas últimas eleições?
Você se lembra em quem votou para deputado estadual, federal, vereador, governador e senador?
Nem eu.
Você se lembra em quem votou para Presidência do país?
Opa! Esse eu lembro. Nem sei por onde ele anda.
Pois é.
Então, não está na hora de começarmos a ter mais responsabilidade com o nosso direito constitucional de eleger nossos representantes?
Será que nós nos damos conta da nossa responsabilidade? Será que sabemos que tudo que acontece de bom e de ruim em nosso país também é por causa de nossas escolhas?
Você já ouviu falar do Voto Distrital?
Ainda não?
Então vou tentar explicar bem rapidinho:
“O voto distrital é um sistema de voto majoritário no qual um Estado (ou cidade) é dividido em pequenos distritos com aproximadamente o mesmo número de habitantes. Cada partido indica um único candidato por distrito. Cada distrito elege um único representante pela maioria dos votos.
Aumenta a fiscalização sobre os políticos; diminui o custo das campanhas políticas; estimula a redução de partidos; aumenta o enraizamento dos partidos na sociedade; fortalece o Poder Legislativo; traz nova dinâmica de Governabilidade; melhora a relação representante / representado; mais representantes que convivem com a população no dia-a-dia serão eleitos.”
Não estou defendendo nenhuma bandeira aqui, por enquanto. Estou somente tentando informar que há um movimento para mudar a forma de votação em nosso país.
Ainda estou lendo a respeito para formar uma opinião.
No jornal “A Folha de São Paulo” de hoje (27/08/2011), há um debate muito interessante na página A3 – Tendências e Debates – sobre o assunto.
Precisamos nos informar. Este é um assunto muito importante.
A principal diferença do “voto distrital” é que poderemos fiscalizar nossos candidatos mais de perto.
Será que estamos preparados ou dispostos a isso?
Assistam o vídeo abaixo. É rapidinho, só 5 minutinhos. E abram seus olhos e seus ouvidos para as diversas opiniões sobre o assunto.
É importante. Trata-se do nosso futuro. De nossas escolhas.



sexta-feira, 26 de agosto de 2011

FOME DE PODER


Abro o jornal e as notícias que me chegam são sempre as mesmas.
Políticos em nosso país sempre encontram brechas nas Leis para se safarem de acusações de corrupção (seja ativa ou passiva), de nepotismo, de roubo e toda essa sujeira que nós brasileiros estamos acostumados a assistir passivamente serem jogadas para debaixo do tapete da política deste país.
A Polícia que deveria nos proteger, nos ameaça com abuso de poder, tirando a vida de pessoas inocentes e agindo cada vez mais com frieza e desdém pela vida humana.
Verbas e ajuda humanitária são desviadas por pessoas inescrupulosas que atuam tanto na esfera governamental, como em supostas ONG’s que não passam de instituições fantasmas que roubam daqueles que já não têm mais nada.
Os chamados crimes de colarinho branco ainda ficam, na sua maioria, sem punição. Ou os condenados cumprem 1/3 da pena e são libertados por bom comportamento e porque esse tipo de crime não é considerado hediondo.
Não é hediondo? No “Aurélio” está a definição da palavra “hediondo”:
 “adj: horrível, repugnante, asqueroso, muito feio.” (Sem comentários)
Muitas vezes me envergonho de ser brasileira.
Não que em outros países não haja corrupção e roubalheira, mas eu não moro nesses outros países.
Quando vejo um de nossos atletas vencerem uma competição, subindo ao pódio para receber uma medalha, fico orgulhosa de ser brasileira.
Quando leio no jornal que em 2030 o Brasil será a quarta economia no mundo, fico orgulhosa também. Afinal foram décadas de luta e apesar dos pesares estamos chegando lá.
Quando vejo a solidariedade dos brasileiros com uma região de nosso país que esteja em apuros, orgulho-me de ser brasileira.
E também me sinto assim, por ver a luta diária das pessoas comuns para ganhar o pão de cada dia, com suor, lágrimas mas também com muito otimismo.
Mas às vezes me pergunto se começamos a ser respeitados internacionalmente por nossos méritos, pelas causas que abraçamos, pelos nossos feitos, ou se é só porque os países poderosos estão em declínio meteórico.
Aí só resta esperar se o pessoal do chamado Terceiro Mundo assumirá as rédeas da humanidade, aproveitando-se da desgraça dos antes poderosos.
Mas assim caminha a humanidade! Azar de uns, sorte de outros.
Não será diferente conosco, pois seguimos os mesmos exemplos dos grandes extintos ou quase extintos impérios.
O que me faz sentir mais otimista (olha o ponto forte dos brasileiros aí), é que para o nosso bem ou mal, ainda somos pacíficos e crentes.
Eu pelo menos, acredito num futuro melhor para minha filha, quero acreditar que nos tornaremos um país mais justo e mais rico, onde não existam tantas desigualdades.
Mas antes de tudo, quero acreditar que não mudaremos nossa essência: somos mansos por natureza, pacíficos de nascença.
Protestar é preciso! Por a boca no trombone é preciso! Dar sugestões viáveis, também é preciso!
Ainda prefiro passar por alienada, do que ver meus irmãos se matando nas esquinas por ideologias diversas.
Já tivemos momentos negros e ainda os temos, é só ver os noticiários na TV.
Mas chegaremos lá com calma e persistência.
E se chegamos até aqui sendo assim, conseguindo nossas pequenas e grandes vitórias através até mesmo do conformismo, que assim seja, Amem!
(Júlia Bellini) 





quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Ele

Quando olhei pela janela do quarto, vi que o dia estava cinza e uma garoa fina caía. Fazia frio e eu procurei por um agasalho.
Passei uma pequena manta pelos ombros e fui até a cozinha preparar um chá quente.
Eu pensava no dia que estava por começar e quais eram as coisas importantes que eu teria que fazer.
Tomei o chá e me vesti.
Fui até a garagem e saí com o carro.
O dia prometia ser de muito frio. As pessoas na rua passavam por mim encolhidas em seus agasalhos, com os braços cruzados, evitando a rajada de vento gelado que batia em seus rostos.
O mar estava revolto, com ondas altas que batiam furiosamente nas areias da praia.
Foi quando eu o vi.
Ele estava sentado em um tronco de árvore que provavelmente tinha sido arrastado até a praia pela maré.
Não sei ao certo o que chamou minha atenção para ele.
Ele era bonito de uma forma simples. Vestia-se com simplicidade também.
Os cabelos eram claros e cortados bem curtos. A pele era clara e provavelmente os olhos eram verdes.
Ele olhava para o mar, mas parecia não estar vendo coisa alguma.
Eu não sei porque mas parei o carro, abri completamente o vidro da janela e fiquei olhando aquele homem.
Algo nele despertou minha atenção.
Talvez sua solidão, sentado ali olhando para o nada.
Desci do carro e me aproximei um pouco, mas mantendo uma distância segura para que ele não reparasse em mim.
De onde eu estava pude observar seus olhos que mostravam uma tristeza e desalento profundos. Perda. 
Senti um aperto em meu coração e tive vontade de chorar.
O vento frio açoitou meu rosto e me trouxe de volta para a realidade.
O que eu fazia ali observando um estranho que parecia observar outra dimensão?
Olhei para a areia molhada sob meus pés e prestei atenção ao ruído do mar.
O mar dizia que a tristeza um dia iria embora. Que talvez fosse hora de recomeçar.
Será que aquele homem também ouvia as mensagens do oceano? Será que o recado para ele seria diferente daquele que eu estava recebendo?
Respirei profundamente o ar gelado daquela manhã e o cheiro de maresia invadiu meus sentidos.
Olhei para as ondas, e me lembrei que a vida nos leva e nos traz de volta para nossas histórias.
Olhei para o homem solitário e lembrei que a solidão as vezes é desejada.
Eu caminhei por alguns minutos pela praia deserta, e quando voltei, ele já não estava mais lá.
Procurei em todas as direções, mas não o vi.
Voltei para o carro e segui meu caminho.
Mas um vazio no meu coração havia sido preenchido. 
(Júlia Bellini)



sábado, 20 de agosto de 2011

Irmãs



Imprescindíveis presenças na vida delas próprias.
Na hora da queda, da perda:
Apoio, socorro e consolo.
Com as manias, os trejeitos e as deficiências:
Paciência, controle e cuidado.
Nos momentos de desânimo, onde o medo se instala e invade a mente e o coração nos deixando sem fôlego, sem perspectiva e sem saída:
Força, perseverança e coragem.
Na ausência do porto seguro, do ombro parceiro:
Independência, luta e proteção.
O que aproxima é a certeza da presença constante, do abraço apertado, do colo de mãe, de filha e de amiga.
Amar sem cobranças, doar sem expectativas, estar junto por amor.
A cumplicidade é mais forte que o sangue, é permanente e duradoura.
No coração, a generosidade e a ternura de quem simplesmente ama e se importa.
O dia que começa é sempre mais perfeito por causa da presença delas. 
(Júlia Bellini)






quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Ai que vontade que dá!!!!

Ai que vontade que dá,
De correr livre e solta num campo florido,
De estar num jardim de Monet,
De mergulhar em águas cristalinas,
De caminhar na areia da praia.
Que vontade de dizer tudo que penso,
De tocar tudo que vejo.
Ai que vontade que dá,
De fazer amor devagarzinho,
De olhar nos olhos
E falar das flores.
De não ter pressa,
De estar no lugar certo na hora certa.
Que vontade de dormir sem pensar no compromisso,
Comer, sem pensar nas calorias.
Que vontade da segurança de colo de pai,
Da presença da amiga fiel,
Do amor da verdadeira família.
Ai que vontade que dá,
De assistir um filme de amor,
Ler uma estória bonita,
De estar rodeada de pessoas queridas,
De ter certeza de ser amada.
Que vontade de rir sem motivo,
De ficar de bobeira,
De contar uma mentirinha.
De gostar de tudo e de todos.
Que vontade de fazer nada,
Deitada numa rede,
Vendo o tempo passar.
Que vontade da brisa morna de verão no rosto,
Do cheiro de flores e de chuva,
De pisar na grama molhada.
Ai que vontade que dá,
De sonhar acordada,
Com um final feliz.
 (Júlia Bellini)








domingo, 14 de agosto de 2011

MULHER 2 - Não estou nem aí!


Vejam se não é assim:
“Hummm! Com que roupa vou a esse encontro?
Essa saia está muito curta, não estou mais na idade. Mas este vestido me deixa parecendo uma velha coroca.
Ai meu Deus! Essa calça me deixa barriguda, quer dizer, mais barriguda. Que droga!
Olha esse decote! O cara vai pensar que sou uma perva!!!!!
Mas também não posso ir parecendo uma santa!
Será que não vou ficar mais alta que ele com esse salto?
Ai! E agora!!! A lingerie! Não tenho nada decente!
Com esse conjunto vermelho, nem pensar! Até porque hoje não vai rolar nada...não é?
Não posso ir para a cama com ele no primeiro encontro. Ou posso? O que ele vai pensar?
Mas também não tenho tempo nem idade para ficar enrolando. Vou ficar de mãozinha dada até quando! Ele também já não é mais uma criança.
E não posso esquecer: nada de ficar por cima. Depois dos ......anos, a Lei da 
Gravidade fala mais alto!
E essa vontade de fazer xixi!!! Já fui ao banheiro umas três vezes na última hora.
E sobre o que vamos conversar?
Sobre política, acontecimentos importantes no mundo, a queda das bolsas, a Primavera Árabe...de jeito nenhum! Não posso parecer mais esperta que ele. Homem geralmente não gosta de mulher inteligente...
Problema, eu não suporto homem burro! E se ele for burro? Desinformado?
Futebol! Boa idéia! Vou dar uma olhadinha pra ver quem são os jogadores da seleção e  qual time está ganhando o Campeonato Brasileiro.
Será que ele assiste novela? Homem gosta de dizer que não gosta de novela, mas a maioria não perde um capítulo!
Se essa meia-calça desfiar vou ter um ataque! É filha única de mãe solteira! Por que não comprei dois pares? Burra!
Brincão ou brinquinho? Sensual ou recatada? Esse colar fica bom.
Nossa! Será que estou parecendo uma árvore de Natal? Tira tudo já!
Será que ele beija bem? Se o beijo não pega....tragédia!!!! Nada mais dá certo!
Esse perfume é muito forte! Onde está o suave?
Eu devia ter me depilado!
Pensando bem, é melhor assim. Não vou ter coragem de ir pra cama com ele parecendo a Claudia Ohana nas fotos da Playboy de mil novecentos e guaraná com rolha!
Decisão acertada! Primeiro encontro, sem depilação.
Mas eu podia ter dado um jeitinho no cabelo! Olha isso! Está horrível! Todos os dias esse cabelo fica bonitinho, mas justo hoje eu não consigo dar um jeito nele! Droga!
Lavando rosto. Essa maquiagem toda está me deixando com cara de p...., além do que está marcando meus pés de galinha dos olhos....ridículo.Um batom clarinho e uma sombra discreta nos olhos e está muito bom.
Afinal do que adianta tentar esconder as imperfeições? No dia seguinte ele vai ver tudo mesmo do jeito que é! É melhor diminuir o choque!
Bom. Acho que estou pronta. Até que estou bonitona! Olha isso! Gostei!
Levo dinheiro para ajudar a pagar a conta ou será que ele vai pagar? Não sou fã dessa modernidade. Mas é melhor me prevenir.
E se ele não gostar de mim? 
Dane-se, porque eu não estou nem um pouco preocupada com a opinião dele!
Ai meu Deus!!! Ele chegou!!!!!”
(Júlia Bellini) 


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Indignar-se é preciso


Todos os dias tenho lido no jornal e visto na TV manifestações de milhares de cidadãos em muitos países da Europa, da África e até mesmo aqui na América do Sul.
O povo indo às ruas para exigir democracia, justiça, liberdade de expressão, melhor educação e até mesmo para saquear lojas caríssimas como tem acontecido em Londres.
As notícias chegam tão rápido que mal entendi o que aconteceu ontem, e já tenho que lidar com o que está acontecendo agora.
A globalização mostra nosso planeta como ele realmente é: um grão de areia no universo.
Parece que encolhemos, que as distâncias são mínimas. O que antes era do outro lado do mundo, fica agora à nossa porta e influencia nossas vidas de forma agressiva.
O Primeiro Ministro da Inglaterra, David Cameron, diz que vai responsabilizar os pais dos jovens envolvidos nos atos de vandalismo cometidos nos últimos dias no país.
Como podem os pais serem responsabilizados por atos de seus filhos?
As pessoas hoje em dia, e eu digo as pessoas em geral, não somente os jovens, estão tão vulneráveis e expostas a informações que chegam por todos os lados, sem um filtro para que possam ao menos enxergar o que está por trás de cada fato, que fica praticamente impossível conter os ânimos, pedir bom-senso, impedir a indignação.
E sempre existem aqueles que se aproveitam das situações mais escabrosas, mais indecentes para incitar a fúria nas pessoas, mesmo naquelas dotadas de conhecimento de causa.
E apesar de todo esse banho de sangue, da violência, apesar de toda a exposição na mídia, continuamos levando nossas vidas como sempre. E aí nosso planeta minúsculo volta a ser como antigamente: um gigante no espaço, onde os acontecimentos naqueles lugares longínquos parecem não nos afetar, pelo contrário, parecem historinhas que contamos a nossos filhos para que possamos mostrar a eles a diferença entre o bem e o mal. E também contamos com a inabalável certeza de que “isso não acontece aqui com a gente.” E essa constatação nos acalma e nos faz seguir com nossas vidas, fazendo com que nos sintamos seguros.
Aí você me pergunta: “Mas o que posso fazer?”
E esta é a pergunta que me faço todos os dias também.
Quem sou eu para mudar o mundo? Para fazer diferença no rolar dos acontecimentos aqui mesmo na minha comunidade, na minha cidade? Como posso lutar contra todo um sistema?
A resposta talvez seja muito simples, como toda resposta é simples para uma questão muito complexa:
Nós podemos nos indignar. Nós podemos não achar tudo isso normal. Nós podemos buscar por notícias boas, por pessoas que nos inspirem para o bem. Nós podemos nos importar com o que acontece a um metro da nossa importante pessoa.
Porque ignorar os fatos ou achar que o que acontece no mundo nada tem a ver com você, é um atestado de incompetência moral, além de ser desumano.
(Júlia Bellini)





quinta-feira, 11 de agosto de 2011

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Quem quer ser feliz?
Você quer ser feliz?
Do que você precisa?
De dinheiro, de amor, de saúde, de trabalho, de amigos?
Sua felicidade depende de outra pessoa?
E não acha isso perigoso?
Colocar sua vida na dependência da presença de outro?
Já procurou dentro de si o maior motivo para ser feliz?
Não encontra as respostas?
Mas seus ouvidos estão atentos?
Seus olhos estão abertos?
Seus sentidos estão apurados?
Consegue ler seu corpo?
Consegue ver sua alma?
Consegue sentir seu coração?
Os sentimentos ruins estão arquivados na gaveta mais funda da sua lembrança?
E onde estão os sentimentos bons?
Arquivados também?
Não consegue se lembrar?
São tão pequenos assim?
Ou só consegue recordar os que o faz sofrer?
É mais fácil?
O futuro assusta?
Ou é puro prazer esperar o que está por vir?
Tem planos para ser feliz no futuro?
Do que depende sua felicidade?
Não dá para ser feliz agora?
Já?
Neste instante?
E se não houver amanhã?
Vai esperar mesmo?
A felicidade não é agora?
Sua vida é depois?
Este instante é limbo?
Mas o instante de agora não foi o futuro de algum tempo atrás?
Está esperando o que para ser feliz?
Não é melhor agora?
Já?
Neste instante?
(Júlia Bellini)



quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Verdades

No mundo real, as escolhas também são reais.
O caminho muitas vezes percorrido ainda ganha aspecto de desconhecido.
É fácil nos enganar achando que o que vemos é comum ou corriqueiro. 
A realidade tem todos os lados de um sonho, é divina e acompanha a sombra do amanhã, sombra que percorre os limites da imaginação, sem ver dor, alegria, tristeza ou saudade.
Só o torpor do significado maior que é o amor pode afastar essa sombra.
O início parece estar muito longe, mas ele existe.
Dúvidas arrastam nossas fantasias para o fundo de nós mesmos e a sensação de se estar perdido e solitário aparece mais forte que o preenchimento do coração com as verdades mais profundas.
Verdades ou mentiras, tanto faz. A emoção é a mesma. Delineada com a força do pensamento que tem a velocidade do vento enfurecido. E é mais rápido que a felicidade.
Esta infinita verdade é para ser contemplada com os olhos do coração e do desejo. Acariciada como a brisa acaricia o orvalho.
A vida só tem sentido se houver um grande mergulho na escuridão da dúvida, no abismo dos sonhos e no terreno movediço da emoção.
(por Júlia Bellini)




terça-feira, 9 de agosto de 2011

Grilhões


Liberdade é poder pensar, é poder escolher os caminhos.
Liberdade é ser feliz com pouco e grato pelo muito.
Liberdade é não ter medo. É buscar a perfeição.
Livre é quem ama sem pedir algo em troca. É quem faz acontecer.
Liberdade é dar asas à imaginação sem restrições. É conseguir sonhar.
Liberdade é arriscar. É ir além do que pensamos ser capazes. É surpreender a nós mesmos.
Livre é quem consegue ver a humanidade no ser - humano.
Liberdade é poder perdoar e esquecer. É não se lamentar.
Livre é quem não se arrepende. Quem aplica na vida as lições que a vida dá.
Liberdade é estratégia. É saber recuar na hora certa.
Liberdade é ter razão com humildade.
Liberdade é aceitar o outro como ele é.
Ser livre é não esperar mais do que podemos dar.
Ser livre é amar a Deus sobre todas as coisas.
Um dia ainda!

(por Júlia Bellini)

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

MULHER 1 - TPM. Isso tem fim???!!!!!!

- E aí? Tá animada pra ir?
- Ah! Não sei não. Acho que não vou mais.
- Como assim? Por que não vai mais?
- Não sei. Só sei que acho que não vou mais.
- Mas aconteceu alguma coisa?
- Não. Só não sei se vou. Estou meio cansada, sei lá.
- Mas você estava tão animada hoje pela manhã! O que aconteceu?
- Já disse que não aconteceu nada. Só estou meio desanimada pra ir.
- Não acredito! O pessoal estava super animado porque você estava indo com a gente!
- Ai! Até parece! Até parece que faz diferença se eu for ou não!
- Claro que faz diferença. Você nunca vai a lugar algum! Só fica em casa!
- Mas eu gosto de ficar em casa! Qual o problema? Não é todo mundo que tem dinheiro pra gastar pra sair!
- Mas você não vai gastar nada! É só um dia! A gente vai e volta amanhã.
- Eu sei. Mas não estou muito a fim. To meio sem vontade!
- Credo! Acho que você está é em depressão! Precisa se cuidar!
- Depressão o que! Só porque não quero ir, eu estou em depressão? Se eu estivesse em depressão não levantaria da cama! E eu levanto todo santo dia bem cedinho e super disposta!
- Então! Vamos com a gente amanhã! Você vai gostar! Vai ser muito divertido!
- É. Pode ser. Mas acho que posso estragar o passeio de vocês. To meio pra baixo. Sem clima.
- Ai meu Deus! A gente levanta o seu astral. Depois que você estiver lá, vai esquecer que está pra baixo! Pensa bem. Você vai acabar se arrependendo por não ir.
- Vou me arrepender não. Eu me conheço. Quando estou me sentindo assim, é melhor eu ficar quietinha em casa, assistindo TV, lendo um livro, qualquer coisa assim.
- Ok. Você é quem sabe! Depois não vai dizer que a gente não chama você pra sair!
- Pode parar com isso. Eu nunca disse isso!
- Ta bom! Você nunca disse! Mas pensou.
- Etcha! Agora você está lendo até pensamento, é?
- Não preciso. Conheço você.
- Conhece nada! Você não sabe de nada! Me deixa aqui quietinha, vai!
- Ta bom! Vou pra casa arrumar minhas coisas. Vejo você depois de amanhã, então.
- Ótimo! Divirta-se!

Viu só? Nem insistiu pra eu ir. É. Acho que não sou bem-vinda mesmo. Mas eu queria tanto ir...
(por Júlia Bellini) 


domingo, 7 de agosto de 2011

Pessoas,
Tenho visto notícias no jornal sobre a crise de fome na Somália, mas na TV não tenho visto muita coisa a respeito.
O negócio lá tá muuuuito feio. Já morreram mais de 26.000 crianças abaixo de 5 anos por causa da fome.
O grupo Al Shabab, que é ligado a Al Qaeda, está impedindo que a ajuda humanitária chegue aos campos de refugiados. É um problema mais político, do que da própria seca que assola o país há dois anos.
EUA e ONU reconheceram em 2006 um governo no país que é um dos mais corruptos e incompetentes do mundo.
Mas políticas a parte, incompetência e corrupção não são justificativas para que nós não ajudemos os milhões de pessoas naquele país miserável.
Obs.: de acordo com MÉDICOS SEM FRONTEIRAS, a doação de dinheiro é importante, porque: "a comida para desnutridos é bastante específica, quase um remédio e o custo para envio de alimentos é bastante alto".
Para doações vocês podem assessar esses sites:
www.bit.ly/unicef_s  (site da UNICEF)
www.bit.ly/cicv_s (site da Cruz Vermelha)
www.bit.ly/msf_s  (site dos Médicos Sem Fronteiras)
www.bit.ly/wfp_s  (site da ONU - Programa Alimentar Mundial)

E... pense duas vezes quando disser que está "morrendo de fome!"
(fonte: Jornal Folha de São Paulo)

Artigo de Clovis Rossi na Folha de São Paulo em 07/08/2011

Tenho acompanhado há algum tempo na FOLHA, as notícias sobre rebaixamento de notas de títulos americanos e europeus por agências de "rating" e sinceramente, eu achava que por não entender nada de finanças e economia, eu deveria mesmo estar ficando gagá por achar que talvez, somente talvez, elas estivessem um pouco equivocadas. Afinal, aparentemente todo o mundo está dando muito crédito às previsões delas.
Aí, abro o jornal hoje, e leio lá a coluna do Clovis Rossi, "O momento "Tea Party" da S&P" e percebo que mesmo sem entender de economia, meu bom senso não está de todo perdido. O Rossi escreve de uma forma tão clara, que até eu que não entendo bulufas desse assunto, consigo entender que talvez haja um certo exagero e muita especulação política nessas notas de rebaixamento.
Parece que essas agências adoram espalhar o caos e o terror, atribuindo notas para possíveis calotes de países que já têm problemas suficientes para enfrentar, principalmente agora com as eleições de 2012 nos EUA se aproximando.
(Ai Obama, que batata quente você pegou!!)
E como escreveu o Rossi, fica impossível adivinhar como estará uma economia potente como a Americana daqui há dez anos.
Eu queria ter uma bola de cristal como a que essas agências parecem ter.

(Meu texto publicado no Painel do Leitor - pág A3 - do jornal Folha de São Paulo em 08/11/2011)

Por que?

Por que um blog a essa altura do campeonato?
Sempre gostei de escrever, mas nunca tinha encontrado um local para colocar minhas opiniões, meus pensamentos, minhas críticas.
Não que alguém possa se interessar em saber o que penso, mas sei lá, de repente aparece algum doido que queira trocar informações e opiniões. Vai saber!
Então este é o porquê. 
Todos são benvindos.