sábado, 29 de outubro de 2011

Coisas a Fazer e/ou Aprender


COISAS A FAZER E/OU APRENDER
(não necessariamente nesta ordem):
  1. Ir a Nova York
  2. Morar na minha casa e ter espaço para poder ter um monte de cachorrinhos.
  3. Publicar meu livro (falta coragem)
  4. Visitar o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor e pular de asa delta da Pedra Bonita em São Conrado.
  5. Ter uma foto autografada do Kiefer Sutherland.
  6. Ter um neto(a) e curtir muuuuuito com ele(a).
  7. Poder levantar bem cedinho pra ficar mais tempo sem fazer nada.
  8. Ler o Alcorão (para tentar entender qual é)
  9. Assaltar um banco (sem ferir ninguém e sem ser capturada).
  10. Ir a uma Convenção de Guerra nas Estrelas e Star Trek.
  11. Ter a coleção dos filmes do 007.
  12. Aprender a falar italiano.
  13. Ter um orgasmo múltiplo.
  14. Comer caviar iraniano.
  15. Aprender a não me importar com a opinião dos outros.
  16. Fazer um retiro espiritual no Carnaval.
  17. Aprender a jogar xadrez (haja paciência!!)
  18. Acreditar que nem todos os políticos são corruptos.
  19. Ir à ópera (só pra ver se vou dormir ou chorar...que nem Julia Roberts em “Pretty Woman).
  20. Aprender a falar menos e ouvir mais.
  21. Gostar de cerveja.
  22. Comprar um Home Theater de verdade e uma TV enormeeeeeeeee!!!!!
  23. Mandar “alguéns praputaqueopariu” em alto e bom som e olhando nos olhos!!!
  24. Ler a biografia completa de Sir Winston Churchill (o livro eu já comprei, falta coragem para encarar...1.193 páginas...arre!).
  25. Assistir um musical na Broadway.
  26.  Não sentir vontade de matar, com requintes de tortura, as pessoas que maltratam animais.
  27. Comer camarões enormes sem pensar na alergia que terei depois.
  28. Assistir o por do sol numa ilha do Oceano Pacífico.
  29. Aprender a gostar de pagode e música sertaneja (porque não é possível só eu não gostar)
  30. E esta é QUASE impossível: dançar com o John Travolta....outch!!!
  31.  ... e outras cositas mas..!!!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

"ESTAR" só não é a mesma coisa que "SER" só!


Quase sempre as pessoas estranham quando digo que gosto de estar só.
Elas me olham com um ar de espanto e incredulidade, como se eu estivesse mentindo ou fingindo.
Estar sozinha não me impede de fazer tudo que realmente gosto e não me impede de ser feliz.
Vou ao cinema, vou às compras, divirto-me escrevendo, lendo, brincando com meus cachorrinhos, assistindo meus filmes e séries prediletas.
As vezes sinto dificuldade para conversar com certas pessoas que pensam estar sempre certas sobre tudo. É tão tedioso estar com alguém que está sempre com a razão!
Errar e mudar de opinião faz parte do amadurecimento e do crescimento da gente.
Eu gosto de pensar, e pensar muitas vezes é muito melhor que conversar, dependendo do interlocutor que você tem a sua frente.
Faço o que quero, quando e como quero, na medida do possível é claro, e sem passar por cima das pessoas como um rolo compressor (pelo menos, não intencionalmente...ahahaha!!!!)
Isso é ser egoísta? Talvez. 
Mas pelo menos não levo ninguém comigo quando mergulho na escuridão das minhas tristezas e a grandiosidade de minhas alegrias são compartilhadas com poucos, mas verdadeiros amigos.
Sou feliz comigo mesma. Não preciso de ramificações para me sentir completa.
Não sei se daqui a dez anos continuarei me sentindo assim, porque se há algo que aprendi é que as prioridades de hoje são as coisas menos importantes de amanhã.
Quando estendo minha canga na areia da praia e me deito sob o sol, as pessoas ao redor estranham a minha solidão. Acho que sentem pena de mim.
Mal sabem elas que estou em paz, radiante, curtindo cada momento avidamente.
Quando faço minhas caminhadas pela manhã, é o meu momento. Momento de pensar, de rezar, de sonhar.
Aprecio não ter de me explicar o tempo todo e poder ser eu mesma para variar.
Amo meus verdadeiros amigos, que são poucos, e principalmente aqueles que respeitam meu modo de ser e não impõem suas opiniões de como eu poderia ser mais feliz se...
Não tenho “se...”.
Sou feliz assim, gosto de ser assim e serei assim até que alguém ou algo me faça mudar de opinião.
Estar só não é estar solitário.
Para mim estar só é aprender a me conhecer e tentar me tornar uma pessoa um pouco melhor.
Solidão é sentir-se só estando cercada de pessoas.
Solidão é nunca ter o suficiente e querer sempre mais.
Solidão é não gostar de si próprio.
E quando encontro alguém a quem amo, quando demonstro meu afeto e digo a essa pessoa o quanto é bom tê-la comigo naquele instante, estou sendo totalmente sincera, pois não condiciono a minha felicidade a sua presença constante. 
(Júlia Bellini)


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Rei morto, Rei posto


Muammar Gaddafi está morto.
Assassinado pelos rebeldes e pelas forças comandadas pela OTAN, forças estas que até pouco tempo atrás, deitavam e rolavam usufruindo de imensos negócios financeiros com a Líbia.
Agora, rebeldes líbios, Estados Unidos e outros poderosos países europeus caçaram e executaram o ditador, tal qual fizeram com Sadan Hussein, no Iraque.
A questão aqui não é se Gaddafi foi um líder terrível ou não.
Todo mundo sabe que ele governou a Líbia por 42 anos com “punhos de ferro” como disse Barack Obama.
Todos sabem que ele torturou e assassinou milhares de pessoas que eram contra seu governo.
Todos sabem também do enriquecimento ilícito de sua família.
Mas não é esse o ponto.
Executando Gaddafi à sangue frio, não estaremos dando às futuras gerações o exemplo errado?
Gaddafi não deveria ter sido capturado, preso, julgado e condenado?
Agora virou moda as grandes potências assassinarem líderes de outros países?
Concordo com a Presidente Dilma quando ela diz: “Não se pode comemorar a morte de qualquer líder.”
Qualquer país tem o direito de depor seus líderes, afinal isso é democracia: líderes escolhidos pelo povo, através do voto dos cidadãos. E nem sempre o líder é removido do poder sem luta, sem sangue.
Imagino que as vítimas de um ditador sangrento devam desejar que ele sofra muito mais do que elas sofreram, e eu não contesto isso. Perdoar é algo divino, e no meio de tanta miséria, violência e abusos, é praticamente impossível empregar a palavra “perdão.”
Mas a “ajuda humanitária” que é oferecida a países em situação igual a da Líbia, não deveria zelar para que os líderes depostos fossem devidamente encaminhados, vivos, a um tribunal internacional de direitos humanos, onde seriam julgados por crimes de guerra e crimes contra a humanidade?
E a ONU que assiste a tudo isso sem emitir uma palavra?
Então o desejo de alguns países poderosos, suplanta a importância de uma organização criada para tomar decisões sobre o mundo?
Acho que sou ingênua em não conseguir comemorar o assassinato de Gaddafi.
Acho que sou ingênua por querer acreditar que agora que foi dado um fim a sua vida, a Líbia tornar-se-á um país democrático.
Porque quem garante que esse país não irá voltar-se contra àqueles que o ajudaram, e tornar-se um grande inimigo do Ocidente?
Não tem sido sempre assim? No Afeganistão, no Paquistão, no Iraque e em tantos outros lugares do mundo?
Mas levando tudo isso em consideração, eu ainda preferiria que quando meus netos sentassem a minha volta para ouvir histórias sobre o mundo, eu pudesse contar assim:
“Era uma vez um homem que livrou um povo de seu rei tirano.
Ele trouxe riqueza e prosperidade para seu reino, mas com o passar do tempo ele se esqueceu dos valores pelos quais lutou para acabar com a tirania e as desigualdades, e na ânsia por poder, tornou-se muito pior que o rei que governava antes dele.
Depois de muitos anos no poder, ele acumulou riquezas sem fim, mas tornou-se cruel e passou a perseguir e matar todos aqueles que discordavam dele.
O povo ficou muito triste e revoltado e um dia, cansados de tanta malvadeza, resolveram acabar com a tirania daquele rei e lutar por sua liberdade.
Reis de lugares longínquos ajudaram os pobres rebeldes.
Depois de muita luta, os rebeldes conseguiram encontrar o rei.
Muitos dos que sofreram com as barbaridades do rei malvado queriam matá-lo imediatamente, mas os governantes dos outros países conseguiram convencer o povo que matando aquele rei, eles seriam tão malvados quanto ele.
Então, os rebeldes capturaram o rei e o julgaram num outro país onde ele teve a oportunidade de se defender e onde os juízes eram imparciais.
Mesmo assim, o rei malvado foi condenado à prisão perpétua, pois ele tinha que pagar pelos horríveis crimes que havia cometido.
Ele foi colocado em uma cela pequena, onde não podia se comunicar com mais ninguém. Uma vez por dia, alguém vinha buscá-lo para tomar um pouco de sol. Ele não podia receber visitas ou ter notícias do que acontecia no mundo.
Após vários anos, o rei morreu na prisão de causas naturais.
O país que ele governava foi reerguido por líderes que amavam seu povo e tornou-se um país rico, próspero, justo, com gente muito feliz e satisfeita com os governantes que eles mesmos podiam escolher.”
Bonitinho, né!
Sonhar ainda é de graça!
(Júlia Bellini)



sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Atendimento para Animais x Atendimento para Humanos

Minha cachorrinha Dolly é uma criatura de muita sorte.
Eu explico!
Primeiro, tem uma dona que a ama muito e cuida dela com muito carinho.
Depois, quando ela precisa de atendimento médico, é atendida como uma VIP.
Esta semana ela ficou doentinha e tive que correr no meio da noite para uma clínica veterinária.
Vejam se ela não é sortuda mesmo:
  1. Quando liguei para a veterinária, ela me atendeu com toda atenção e se colocou à disposição para ir ao consultório.
  2. Às 4 da manhã lá fomos nós para a clínica, e quando chegamos, a médica já estava pronta para nos atender. Não tivemos que esperar nem um segundo sequer.
  3. Quando entramos na sala de exames, a médica fez inúmeras perguntas sobre a paciente e a examinou cuidadosamente por uns 5 minutos. Olhou os dentinhos, os olhos, os ouvidos, apalpou a barriguinha e colocou o termômetro para ver se a Dolly não tinha febre.
  4. Depois, medicou a Dolly com três injeções: uma com antibióticos, uma com remédio para enjôo e outra com um medicamento para proteger o estômago.
  5. Em seguida, a médica fez as prescrições dos medicamentos que Dolly teria de tomar e me explicou pacientemente como eles deveriam ser ministrados.
  6. Ao final da consulta, a médica conversou um pouquinho com a Dolly e a confortou.
  7. E por fim, despediu-se de nós com carinho e se colocou à disposição para qualquer eventualidade.
  8. Paguei a conta, que não foi exorbitante, e fomos para casa.
Resumindo: pronto atendimento, atenção, cuidado, profissionalismo.
Você tem tudo isso quando vai a um Postinho da UBS ou ao médico/hospital do seu convênio?
Cachorrinha de sorte essa!!!!!!! Que vida de cão, hein!!!!!
(Para quem estiver curioso: a clínica é a Animal Vale, no Jardim das Indústrias)
(Júlia Bellini)


terça-feira, 11 de outubro de 2011

Se tudo o mais falhar, leia o manual!

Para quando eu ficar velhinha e gagá e tudo o mais falhar, leia o manual:

  • Cuide para que eu esteja sempre limpinha e cheirosa.
  • Troque os lençóis da minha cama, pelo menos uma vez na semana.
  • Coloque cd’s do Queen, do Jack Johnson, do James Taylor, da Amy Winehouse e músicas dos anos 70 e 80 para eu ouvir. Não quero saber de MPB, Chico, Gil, Caetano e cia ltda.
  • Leia para mim sempre que puder: romances, livros de suspense, policiais, etc. Poesia não. Acho muito chato.
  • Banho frio, nem quando eu estiver morta!
  • Coloque-me em frente à TV para assistir minhas séries favoritas: CSI, 24 Horas, Friends, Two and a Half Men, Brothers and Sisters, Nanny, Castle, Law and Order, etc.
  • Quando eu estiver muito agitada, coloque-me para assistir Indiana Jones, Rambo, Duro de Matar, Guerra nas Estrelas, 007 e filmes de suspense. Prometo que vou ficar quietinha.
  • Ah! Jamais coloque um filme dublado. Eu vou ficar furiosa! E filme nacional, nem pensar. Com exceção para Tropa de Elite 1 e 2, Se Eu Fosse Você e o Alto da Compadecida.
  • Jamais me faça ouvir música sertaneja ou pagode, pois vou tentar me matar!
  • Deixe meus bichos sempre por perto, porque eu os amo muito e estarei sempre feliz com eles em minha volta.
  • Coloque flores no ambiente. Flores de  vários tipos.
  • Leia para mim todos os dias as notícias dos jornais, principalmente as internacionais.
  • Por amor a Deus! Não coloque gente burra para conversar comigo! Prefiro não coversar!
  • E não deixe as pessoas falarem comigo como se eu fosse uma criancinha de 3 anos. Posso estar velha e gagá, mas não sou uma criancinha. Respeito é bom e eu gosto...e nunca vou me esquecer disso.
  • Não comece falar do passado. O que passou já era...até porque provavelmente não me lembrarei de nada mesmo!
  • Chame alguém para fazer minhas unhas dos pés e das mãos. Detesto ficar com as mãos e pés feios.
  • Perfumes: Miss Dior, Vanilla (Victoria’s Secret),  Águas de Natura (Pomar de Limas e Verde Chá). Sabonete: o mais neutro possível, ou Rosas com Alcaçuz do Boticário. Desodorante: SEM PERFUME e NADA MAIS.
  • Reze comigo todas as manhãs, agradecendo por todas as graças recebidas e pedindo bênçãos para o dia que se inicia.
  • No inverno, gosto de usar meias para dormir.
  • De vez em quando, me dê um Cheddar McMelt, com batatas fritas e Fanta laranja, ou uma pizza de mussarela. De sobremesa, um Donuts com recheio de creme ou de doce de leite, ou um cheesecake da Marinela.
  • Nunca me leve para passear no Calçadão, só no Shopping.
  • Exercício de memória: me fazer lembrar os nomes dos filhos da mãe que namorei ou fiquei (haja memória!)
  • Se não for muito trabalho, eu gostaria de ir à praia de vez em quando e sentar na beirinha do mar sentindo a água molhar meus pés.
  • Levar-me à missa pelo menos uma vez ao mês.
  • Quando eu for dormir, não esqueça de dizer: “Durma em paz e que o Senhor te acompanhe.”
  • E no meu dia final: QUEEN. No evento todo. Do começo ao fim.  E bem no finalzinho, a música a ser tocada é “Don’t Stop Me Now!”. Quero só ver se o Fred não vai estar do outro lado me esperando.

Afinal, “Who wants to live forever?”
(Júlia Bellini)

 

sábado, 8 de outubro de 2011

Cores


Ela passava todos os dias naquela ruazinha e mal prestava atenção às cores  a sua volta.
Ela não via o colorido vibrante da casas, o vermelho tinto das trepadeiras nos muros, o amarelo vivo do ipê e a miscelânia de cores de pequenas flores e plantas dos jardins.
Ela andava com a cabeça baixa, olhando para os próprios pés e pensando.
Pensava nas contas que tinha para pagar, no dia longo que teria pela frente num trabalho monótono, no calor abafado que fazia. 
Sua cabeça latejava, sua boca estava seca e ela sentia-se deprimida e derrotada.
Aquele seria um daqueles dias: pesado, lúgrubre, cinza e onde nada parecia dar certo.
Seus pés a arrastavam para frente mas sua vontade era de sair correndo sem rumo e simplesmente fugir de tudo aquilo.
Ela sonhava com outra vida.
Talvez uma vida com mais conquistas e onde pudesse se sentir mais forte.
Uma vida onde ela não sentisse tanto medo e não se sentisse tão só.
De repente, ela tropeçou em algo e se estatelou no chão, batendo com a cabeça na guia da calçada.
Por alguns instantes ela ficou ali, com os olhos fechados sem saber ao certo o que fazer ou o que havia acontecido.
Uma sensação de alívio invadiu seu corpo e ela se sentiu tão leve que achou que poderia até flutuar.
Quando abriu os olhos, não conseguiu enxergar bem.
Piscou com força e tentou fixar o olhar em algo, mas só o que ela conseguia ver era a silhueta embaçada de alguém que falava com ela.
Mas ela não ouvia nada. 
Um silêncio pairava ali como um alívio.
Quando tentou se levantar sentiu o peso do próprio corpo e desistiu. 
Algo quente escorria de sua cabeça e ela sentiu o gosto de sangue na boca.
Engraçado não sentir medo. Ela estava calma e relaxada, como se tivesse certeza que aquilo não era nada, ou que fosse o começo de tudo.
O número de silhuetas ao seu redor aumentou e ela pôde ver umas luzes vermelhas e azuis piscando à sua frente.
No meio de toda aquela gente curiosa que tentava ver o que acontecia, ela conseguiu notar alguém diferente.
Era a paz refletida no rosto dele, o sorriso apaziguador, o calor que emanava daquela presença que chamou sua atenção.
Ela tentava se lembrar quem ele era, pois tinha a impressão que o conhecia, mas após alguns segundos desistiu. Não era importante.
As pessoas se afastavam inconscientemente para dar espaço a ele.
Quando ele chegou bem próximo dela, simplesmente lhe estendeu a mão.
Ela se sentia segura e protegida e já estava levando sua mão em direção a dele, quando se lembrou.
Ela se lembrou da voz de sua filha cantando no chuveiro, do calor do abraço das pessoas que amava, da surpresa do primeiro beijo, do conforto de sua cama numa manhã bem fria, da alegria de seus cães todas as vezes que chegava em casa, do sabor delicioso de um pão quentinho com a manteiga derretendo, da sua música preferida e de tantas outras coisas que havia esquecido há tempos.
Ela se lembrou das cores da sua vida. Das pequenas coisas que coloriam sua existência e resolveu que não queria mais dias cinzentos e sombrios.
Foi quando ela afastou sua mão da dele e fechou os olhos novamente.
Mas mesmo com os olhos fechados ela podia vê-lo ali parado a sua frente sorrindo carinhosamente.
Ele entendia e podia esperar.
Da próxima vez que abriu os olhos ela pôde ver todas as cores das quais havia se esquecido, num pequeno vaso com tulipas coloridas colocado bem à sua frente.
Mas principalmente, ela pôde ver a cor da vida e prometeu a si mesma que nunca mais iria se esquecer.
(Júlia Bellini)



quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Haja coragem!


Fui convidada para uma festa de casamento.
Mas não fui convidada assim, assim.
Sabe quando você tem certeza que o casal quer a sua presença lá junto deles?
Eu tinha que ir e fiquei em pânico, pois sabia que a festa seria muito elegante.
Deus meu!
Com que roupa ir? Com que sapato? Com que bolsa?
O convite era individual, ou seja, eu não poderia levar alguém comigo e teria de entrar sozinha num ambiente ao qual não estava acostumada, sem conhecer alma viva além do casal.
Vocês aí, mulheres sem parceiros, sabem exatamente do que estou falando, não sabem?
Aí a minha muito fértil imaginação começou a trabalhar sem parar:
Eu sentada a uma mesa com dois ou três casais e todos me olhando com aquele ar de “pobrezinha...está sozinha”.
Isso me deu um pânico tão grande que por pouco não tive que respirar num saquinho de papel para me acalmar.
Então eu pensei: “Não vou. Vou dar uma desculpa. Vou “matar alguém” ou “ficar muito doente”.
E pensei também que nessas horas, um homem faz falta.
Alguém para lhe dar o braço como apoio, que puxe a cadeira para você sentar, mesmo que depois fique lá parado que nem um “dois de paus”, completamente sem assunto.
Quando tenho que me vestir sozinha e o zíper fica atrás do vestido, também um homem faz falta.
Quando alguma coisa quebra em casa, uma torneira, um eletrodoméstico, um chuveiro que queimou, um homem faz falta.
Mas aí, de repente me dou conta que preciso é de um costureiro, um eletricista, um encanador, um pedreiro e de um par.
Se eu realmente precisasse de alguém para ir comigo àquela festa, eu simplesmente poderia chamar um amigo, ou amiga ou alguém da minha família, ou até mesmo contratar um pacote completo: um acompanhante bem distinto (se é que se encontra isso por aí mesmo pagando), fazer bonito por lá e depois ele até poderia me prestar outro tipo de serviço, que viria bem a calhar.
Então, me encho de coragem e vou ao casamento, sozinha.
Chego toda arrumada, elegante, desço do carro, olho o ambiente tão requintado, respiro fundo, levanto a cabeça e entro como se estive indo a caminho da bastilha para ser decapitada: morrendo de medo, mas com cara de paisagem.
À porta, uma cerimonialista me cumprimenta e me encaminha para o salão onde estão os convidados.
Eu subo as escadas, rezando para não tropeçar no vestido longo e quebrar o salto da sandália, coisas com as quais não tenho a menor intimidade.
Enfim chego ao salão.
Altiva e fingindo estar totalmente à vontade, me aproximo de uma senhora com ares de simpatia.
Começamos uma conversa e ela me aponta uma cadeira vazia ao lado de dois homens muito bem vestidos em seus ternos sofisticados.
Eu caminho até eles e pergunto se a cadeira está reservada para alguém e um deles muito educadamente responde que posso me sentar.
Após alguns segundos ele me pergunta alguma coisa, e iniciamos uma conversa agradável.
De repente, no meio da conversa, vindo do nada, ele me diz:
“Sabe, há muitas pessoas bem vestidas aqui hoje, mas você está realmente muito elegante”.
Na hora me lembrei do artigo que escrevi no meu blog - “Elogio” - e para não contradizer o meu próprio conselho, consegui responder:
“Muito obrigada. É muita gentileza sua.”
Depois disso me senti firme e segura para curtir a cerimônia de casamento e a festa que foi simplesmente o máximo!
Agora eu cheguei onde queria.
Não era o fato de estar sozinha num evento que me aterrorizava e nem era a falta de um homem ao meu lado que me fazia sentir desprotegida.
O que me preocupava, era o que as pessoas iriam pensar.
Eu temia que achassem que eu não sou uma pessoa atraente em todos os sentidos: fisicamente por não ser mais tão jovem e intelectualmente, por achar que eu não teria assuntos interessantes para conversar.
Engano total: eu estava elegante e pude participar de todas as conversas a minha volta sobre assuntos diversos.
Agora eu pergunto: pode uma mulher do alto de seus 50 anos ainda estar preocupada com o que os outros vão pensar a seu respeito?
O problema não é estar sozinha, e sim a infeliz insegurança que nos faz sentir frágeis como se ainda tivéssemos 15 anos e fôssemos totalmente inexperientes na vida.
Então resolvi prometer a mim mesma, que nunca mais vou me privar de fazer algo imaginando o que os outros vão pensar.
E... homens, não me entendam mal, não é que eu não queira um de vocês ao meu lado, mas existe uma grande diferença entre um Homem e um homem, se é que vocês me entendem.
Por isso, resolvi mudar um ditado popular:
Ao invés de, “antes só do que mal acompanhada”, eu prefiro “antes bem acompanhada do que só”.
(Júlia Bellini)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Meus três amigos

Tenho três amigos especiais. Na verdade, duas amigas e um amigo.
Eles são o que de melhor há.
Fina estampa, como está na moda dizer.
Uma das minhas amigas é pequenina e delicada. Está o tempo todo perto de mim e me pedindo atenção. Ela é um pouco sistemática, talvez pela idade meio avançada. Sua persistência me assombra. Quando quer algo, não desiste até conseguir e procura meios diferentes de alcançar seus objetivos.
Nunca passei um dia longe dela, desde que a conheci. Onde vou, tenho que levá-la comigo.
Ela é doce, meiga, dedicada e muito ciumenta…se alguém chega muito perto de mim, ela fica nervosa e tenta até agredir a pessoa.
Minha outra amiga é meio rabugenta.
Muito companheira nos dias de hoje, mas no início de nossa amizade ela relutou um pouco em confiar em mim.
Ela estava perdida e sem rumo e por isso era difícil confiar em estranhos.
Ficava ressabiada quando eu tentava mostrar minha amizade, não queria entrar em minha casa, só me dava atenção quando me encontrava na rua.
Aos poucos fui mostrando a ela que podia confiar em mim.
Dei-lhe muito amor e cuidei dela com carinho, pois quando a conheci ela estava meio “avariada”, com alguns problemas de saúde.
Hoje ela é linda, tem uma saúde de ferro e é quem toma conta da minha casa, quem me avisa quando um estranho está à porta.
Meu último amigo, e não por isso menos importante, é um gentleman.
Ele é doce, meigo, dedicado, fiel e me olha como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo.
Ele é meio retraído e gosta de ficar em seu canto olhando o movimento. É carinhoso e faz tudo o que eu quero.
Quando eu o conheci, foi amor imediato.
Ele me olhou, eu o olhei e vi que era especial.
Eu o trouxe para minha vida e ele é muito grato por isso. Sei disso por causa de seu olhar: um olhar de pura bondade, meiguice e amor incondicional.
Meus três amigos são totalmente dedicados a mim e eu a eles.
Sei que posso contar com eles em qualquer situação e eles nunca, nunca me decepcionaram.
Estão sempre por perto e não cansam de demonstrar seu amor por mim.
A cada vez que saio de casa, a volta é sempre uma alegria.
Não importa se fiquei cinco minutos ausente ou o dia todo. Quando chego, sou recebida com muita alegria.
Quando estou triste, eles me entendem e tentam me alegrar.
Se estou nervosa ou agitada com alguma coisa, eles me respeitam e não se intrometem.
Eles estão sempre prontos para alegrar o meu dia.
Sou grata a Deus por meus três queridos e amados amigos e no dia de hoje, peço a São Francisco que olhe por eles sempre.
Dolly, Lilica e Zeus. Meus três amigos para sempre.
(Júlia Bellini)