Fui
convidada para uma festa de casamento.
Mas
não fui convidada assim, assim.
Sabe
quando você tem certeza que o casal quer a sua presença lá junto deles?
Eu
tinha que ir e fiquei em pânico, pois sabia que a festa seria muito elegante.
Deus
meu!
Com
que roupa ir? Com que sapato? Com que bolsa?
O
convite era individual, ou seja, eu não poderia levar alguém comigo e teria de
entrar sozinha num ambiente ao qual não estava acostumada, sem conhecer alma
viva além do casal.
Vocês
aí, mulheres sem parceiros, sabem exatamente do que estou falando, não sabem?
Aí
a minha muito fértil imaginação começou a trabalhar sem parar:
Eu
sentada a uma mesa com dois ou três casais e todos me olhando com aquele ar de “pobrezinha...está
sozinha”.
Isso
me deu um pânico tão grande que por pouco não tive que respirar num saquinho de
papel para me acalmar.
Então
eu pensei: “Não vou. Vou dar uma desculpa. Vou “matar alguém” ou “ficar muito
doente”.
E
pensei também que nessas horas, um homem faz falta.
Alguém
para lhe dar o braço como apoio, que puxe a cadeira para você sentar, mesmo que
depois fique lá parado que nem um “dois de paus”, completamente sem assunto.
Quando
tenho que me vestir sozinha e o zíper fica atrás do vestido, também um homem
faz falta.
Quando
alguma coisa quebra em casa, uma torneira, um eletrodoméstico, um chuveiro que
queimou, um homem faz falta.
Mas
aí, de repente me dou conta que preciso é de um costureiro, um eletricista, um
encanador, um pedreiro e de um par.
Se
eu realmente precisasse de alguém para ir comigo àquela festa, eu simplesmente
poderia chamar um amigo, ou amiga ou alguém da minha família, ou até mesmo contratar
um pacote completo: um acompanhante bem distinto (se é que se encontra isso por
aí mesmo pagando), fazer bonito por lá e depois ele até poderia me prestar
outro tipo de serviço, que viria bem a calhar.
Então,
me encho de coragem e vou ao casamento, sozinha.
Chego
toda arrumada, elegante, desço do carro, olho o ambiente tão requintado,
respiro fundo, levanto a cabeça e entro como se estive indo a caminho da bastilha
para ser decapitada: morrendo de medo, mas com cara de paisagem.
À
porta, uma cerimonialista me cumprimenta e me encaminha para o salão onde estão
os convidados.
Eu
subo as escadas, rezando para não tropeçar no vestido longo e quebrar o salto
da sandália, coisas com as quais não tenho a menor intimidade.
Enfim
chego ao salão.
Altiva
e fingindo estar totalmente à vontade, me aproximo de uma senhora com ares de
simpatia.
Começamos
uma conversa e ela me aponta uma cadeira vazia ao lado de dois homens muito bem
vestidos em seus ternos sofisticados.
Eu
caminho até eles e pergunto se a cadeira está reservada para alguém e um deles
muito educadamente responde que posso me sentar.
Após
alguns segundos ele me pergunta alguma coisa, e iniciamos uma conversa
agradável.
De
repente, no meio da conversa, vindo do nada, ele me diz:
“Sabe,
há muitas pessoas bem vestidas aqui hoje, mas você está realmente muito
elegante”.
Na
hora me lembrei do artigo que escrevi no meu blog - “Elogio” - e para não contradizer
o meu próprio conselho, consegui responder:
“Muito
obrigada. É muita gentileza sua.”
Depois
disso me senti firme e segura para curtir a cerimônia de casamento e a festa
que foi simplesmente o máximo!
Agora
eu cheguei onde queria.
Não
era o fato de estar sozinha num evento que me aterrorizava e nem era a falta de
um homem ao meu lado que me fazia sentir desprotegida.
O
que me preocupava, era o que as pessoas iriam pensar.
Eu
temia que achassem que eu não sou uma pessoa atraente em todos os sentidos:
fisicamente por não ser mais tão jovem e intelectualmente, por achar que eu não
teria assuntos interessantes para conversar.
Engano
total: eu estava elegante e pude participar de todas as conversas a minha volta
sobre assuntos diversos.
Agora
eu pergunto: pode uma mulher do alto de seus 50 anos ainda estar preocupada com
o que os outros vão pensar a seu respeito?
O
problema não é estar sozinha, e sim a infeliz insegurança que nos faz sentir frágeis
como se ainda tivéssemos 15 anos e fôssemos totalmente inexperientes na vida.
Então
resolvi prometer a mim mesma, que nunca mais vou me privar de fazer algo
imaginando o que os outros vão pensar.
E...
homens, não me entendam mal, não é que eu não queira um de vocês ao meu lado, mas
existe uma grande diferença entre um Homem e um homem, se é que vocês me
entendem.
Por
isso, resolvi mudar um ditado popular:
Ao
invés de, “antes só do que mal acompanhada”, eu prefiro “antes bem acompanhada
do que só”.