Quando entrei no Centro Cultural
do Banco do Brasil em São
Paulo, parecia que eu estava entrando em um filme.
Primeiro, o local é simplesmente
maravilhoso, por dentro e por fora. Nem parece que a gente está no centro velho
de SP, onde todos os lugares são imundos e cheiram a urina e onde a miséria
está por todos os lados.
Aquele lugar, assim como o Teatro
Municipal e todos aqueles prédios maravilhosamente antigos, parecem dar vida
àquele Centro Velho, fazendo parecer que você está entrando num mundo diferente, principalmente
aos domingos, quando a cidade está vazia e tranquila.
O CCBB é um espetáculo a parte.
Primeiro, porque ali existem dezenas de portas, saídas, escadas, câmaras por
onde você tem que passar para chegar a cada ala da Exposição. Parece um
labirinto, e a gente perde a noção de longe, perto, alto, baixo. Mas quando
você transpõe a primeira etapa e uma portinhola que parece que vai dar no nada
leva você a um magnífico quadro de James Tissot, “The Ball”... Uau!
Eu voltei no
tempo aos teatros franceses do século 19, onde a alegria, o canto e a luxúria
tomavam conta do ambiente.
Parecia até que eu estava no
Molin Rouge, vendo aquela gente, os homens muito bem vestidos usando cartola e
as mulheres....Ah! As mulheres! Quanta feminilidade, como eram sensuais e como brilhavam aos olhos do artista!
Aquele mulher no vestido amarelo
me paralisou. Parecia que eu estava lá, de tantos ricos detalhes naquela pintura
única. Era só o primeiro quadro.
Acho que o impacto é tão forte
que as dezenas de pessoas que circulam por ali falam em tom respeitosamente
baixo, sussurrando, como se falar alto de certo modo acordaria aquelas personagens
dos quadros e a magia se desfizesse como por encanto.
Um Degas aqui, um Renoir ali,
outro Van Gogh acolá, um Cezzane a mais... e finalmente... “A Ponte”, de Monet.
Quando eu entrei naquela parte da
Exposição, a galeria fazia uma curva estreita para a direita e havia quadros
maravilhosos de Monet. De longe eu vi o meu preferido.
Fiquei ali observando cuidadosamente os outros quadros, mas meu coração até batia mais forte na expectativa por aquele momento, e ainda assim demorei o
máximo que pude para chegar até ele. Eu estava com a respiração suspensa quando
finalmente fiquei "há três passos do paraíso!" Do meu paraíso.
E suspirei. Nunca em minha vida,
achei que um dia teria a oportunidade de ver este quadro assim, de pertinho,
nos mínimos detalhes e pelo tempo que eu quisesse. Eu queria que o tempo
parasse ali, só para eu poder ficar uma pequena eternidade admirando aquelas
cores e aquelas luzes.
Fiquei parada ali embabascada e
não vi mais nada e mais ninguém. Somente aquele jardim maravilhoso e eu.
Foi o céu!
E o céu é isso. Uma pequena
felicidade que transborda de você e paralisa o tempo. Um suspiro, um frio na
barriga por aquele momento ser somente seu, não importando quantas pessoas
estão ao seu redor.
Fiquei olhando fixamente para aquela pintura maravilhosa tentando decorar cada pedacinho dela. Cada cor, cada tom, cada luz.
Perdi até a noção do tempo.
E quando me despedi daquela obra
prima, eu levei comigo toda a magia que ela me proporcionou... para sempre.